terça-feira, maio 8

Não


Gritos. Empurrões.Não perguntaram sobre minhas roupas. Socos. Não descobriram quem era que andava ao meu lado. Gargalhadas. Não sei quem, não sei porque. Pontapés. Desconheciam minha crença religiosa. Xingamentos. Talvez tenham percebido algum sotaque.

Até agora não entendo o que aconteceu, aqueles rapazes não pareciam se importar com a cor da pele deles. Muito menos queriam saber minhas origens. Será que minhas tatuagens os irritaram? Não sabiam se eu preferia esquerda ou direita, mas suas mãos chegavam pesadas. Era uma  dose de vermelho-escuro, um brinde ao poder.

O Hospital foi quem me ouviu. Mas as pessoas não pareciam se importar tanto. Aquela agressão era mais uma no meio de tantas outras, sem motivo, sem importância, sem solução. Era apenas mais um interrogatório, entre tantos outros iguais. Queriam que acabasse logo para poderem descansar, até porque, eles deviam estar muito cansados.

Não entendo o motivo de tanto ódio, ódio de desconhecido, ódio do diferente. Mesmo todos sendo diferentes. O sabor do julgamento é mais forte. Tenho que me conformar com minha condição. Somos apenas peças nesse tabuleiro. A maioria ganhou. Como sempre dizem, a democracia vence.

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