terça-feira, maio 8

Não


Gritos. Empurrões.Não perguntaram sobre minhas roupas. Socos. Não descobriram quem era que andava ao meu lado. Gargalhadas. Não sei quem, não sei porque. Pontapés. Desconheciam minha crença religiosa. Xingamentos. Talvez tenham percebido algum sotaque.

Até agora não entendo o que aconteceu, aqueles rapazes não pareciam se importar com a cor da pele deles. Muito menos queriam saber minhas origens. Será que minhas tatuagens os irritaram? Não sabiam se eu preferia esquerda ou direita, mas suas mãos chegavam pesadas. Era uma  dose de vermelho-escuro, um brinde ao poder.

O Hospital foi quem me ouviu. Mas as pessoas não pareciam se importar tanto. Aquela agressão era mais uma no meio de tantas outras, sem motivo, sem importância, sem solução. Era apenas mais um interrogatório, entre tantos outros iguais. Queriam que acabasse logo para poderem descansar, até porque, eles deviam estar muito cansados.

Não entendo o motivo de tanto ódio, ódio de desconhecido, ódio do diferente. Mesmo todos sendo diferentes. O sabor do julgamento é mais forte. Tenho que me conformar com minha condição. Somos apenas peças nesse tabuleiro. A maioria ganhou. Como sempre dizem, a democracia vence.

terça-feira, março 13

CLICK!

Amanhecia mais um dia. O sol brilhava forte, como sempre fora em Salvador, crianças e jovens acordam cedo, para seus primeiros dias de aula. A maioria estava triste. Ainda queriam férias. Este caso, porém, não é sobre um deles. Havia, pelo menos, uma criança que estava alegre, com um sorriso enorme no rosto, ansioso para conhecer sua nova escola e futuros colegas. Eu era essa criança feliz. Gostava de novidades. Tinha acabado de fazer meus 3 anos de idade -a flor da infância transbordava pelos meus olhos. Já tinha acordado, levantei quase num pulo. Tomando banho, a água que escorria no meu corpo nunca fora tão gostosa, mas precisava sair logo dali. Comi alguma coisa que fizeram, não sei se foi um Sandwich ou um omelete. Talvez não tenha comido nada. Não me importava. Chegou a hora! Já estava pronto para sair, com minha mochila de elefantinho-azul, nas costas. "Gabriel, vem cá" ouvi. Queriam eternizar aquele momento. "1, 2, 3 e XIS!". Depois desse CLICK, meu dia foi muito mais colorido.


sexta-feira, maio 27


Bob Esponja: Mas e se eu quiser te abraçar mesmo não estando comigo?
Patrick: Feche seus olhos, e pense que estou te abraçando, pois estarei.

-(www.runawayeah.blogspot.com)

sábado, maio 21

Ponto de Vista.

Olhando nos seus olhos, vejo meu eu verdadeiro. Não sei se é porque eu estou dentro de você, ou se é onde eu queria estar.

A mente nos prega peças, que nos fazem acreditar no que no fundo nós desejamos. Queremos ver verdade em mentiras, em imagens imaginárias. Com as ilusões é mais fácil de conviver, por isso a inventamos.

A verdade é dolorosa, mas tem o sabor de ser autêntica. Ninguém quer sofrer. Essa é a verdade, e por ser autêntica que ela é ruim, sabemos que todos nós iremos sofrer por isso.

O preço que pagamos por procurar nossas ilusões é alto. Então é aí que fica a dúvida: uma vida tranquilamente ilusória; ou uma perturbadoramente real. Não seja precipitado em fazer sua escolha, não esqueça que nem toda verdade é absoluta e nem toda ilusão é uma farsa.


terça-feira, abril 19

Então...

Caminhando lá, pela praia, eramos só nós dois. Eu e o mar, nos fazíamos companhia, como se só ele me entendesse. Me fazia bem caminhar, esquecer meus problemas, como eu fazia sempre, não por luxo, por necessidade.

Percebi então, que havia algo diferente nesse dia, tinha alguém na minha praia, na minha tão estimada praia que tanto me fez fugir da realidade. Ali estava ela, vindo em minha direção, pisando suavemente na areia, quase sem deixar impressões, com um vestido branco voando por causa do vento. Era o céu na Terra.

Não consegui mais tirar os olhos dela, minha mente que vagava pelo tempo/espaço, agora estava focada em algo que nem conhecia. Uma estranha que me pareceu ser feita pra mim. Ela era o molde daquilo que eu esperava pra mim. Não era perfeita, por mínimos detalhes que não me interessavam. Paramos.


-Já nos vimos em algum lugar? - perguntei

-Em nossos mais belos sonhos.